Advertências aos discípulos missionários
Oseias 14,2-10; Mateus 10,16-23
Estamos percorrendo os capítulos de Mateus que dissertam sobre a missão dos apóstolos. O pano de fundo dos versículos hoje proclamados é o da perseguição. O evangelista mostra aos missionários e a todos os que seguem o Evangelho a sorte nada cor-de-rosa que os aguarda: a perseguição.
Os missionários são enviados como ovelhas no meio dos lobos. Trata-se agora não da missão feita em casa, entre os de tradição judaica, mas do ir para fora dos limites da Palestina. Lá estariam os “lobos”.
Fala-se da prudência das serpentes e da simplicidade das pombas. Prudência dos missionários que não seja astúcia e simplicidade das pombas que não seja ingenuidade. Essas são as virtudes distintivas dos discípulos de Cristo.
“Eles vos entregarão nos tribunais…”. Percebe-se em todo esse linguajar o eco dos relatos da paixão de Cristo ou das perseguições de seus discípulos relatadas nos Atos dos Apóstolos.
Os discípulos missionários serão convidados a dar o testemunho do amor e da fé no Cristo. Nada poderá detê-los, nem ameaças, nem flagelos, nem prejuízos materiais, nem mesmo a morte. O testemunho de vida cristã é um ingrediente indispensável do êxito da tarefa dos missionários. Afinal de contas, os que são enviados são discípulos daquele que foi preso e executado, daquele que foi fiel até o fim, de deu “o” testemunho.
Não há que temer. Quando os discípulos forem presos saibam que não estão sozinhos, mas contam com o “ Espírito do vosso Pai”. Os discípulos emprestarão sua voz ao Espírito e o Espírito os defenderá quando forem perseguidos.
As perseguições não são suscitadas apenas pelos de fora. O irmão entregará o irmão. A pregação do Evangelho sempre suscitará dissensões e divisões até mesmo no ambiente familiar.
“A fragilidade da Igreja contrasta com a força do mundo. É o contraste manifestado por Cristo em sua pessoa. Os judeus esperavam um rei poderoso e triunfador e ele se apresenta inerme e tranquilo; é tão pobre que não tem onde repousar a cabeça, mas dá prodigiosamente pão milhares de pessoas. Diante de Pilatos proclama-se rei; no entanto, se deixa prender, flagelar, conduzir à morte como malfeitor. Programa nada fácil para a Igreja, continuamente tentada a assumir as mesma atitudes do mundo, aparentemente mais eficazes. Todas as vezes que ela se revestiu de poderio, afastou-se do Espírito de seu Fundador, e secaram as fontes de sua ação. O discípulo de Cristo é testemunho, como o Mestre, de pobreza, simplicidade, humildade, assim como de coragem e clareza de posições em todas as circunstâncias, pronto a suportar com paciência toda injúria, pronto a denunciar toda injustiça: Prudentes como as serpentes, simples como as pombas”(v.16)(Missal Cotidiano da Paulus, p. 1011).
Frei Almir Ribeiro Guimarães
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