MARIA
NA ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA
Estamos em maio mês
das manifestações populares de devoção à mãe de Jesus, Maria Santíssima. No
passado, mais do que hoje, as famílias em casa, nos povoados, nas pequenas e
grandes cidades celebravam novenas, rezavam o terços, faziam procissões e
coroações para manifestar sua devoção a Nossa Senhora. Era comum vermos uma
bandeira branca no alto de um mastro diante das casas na zona rural, indicando
que ali se estava homenageando a mãe do Salvador. Apesar de todas as mudanças
ocorridas nos costumes e mesmo no panorama religioso de nosso país, Maria
continua sendo muito lembrada e celebrada, como nos comprova a devoção
crescente seja nos santuários marianos seja onde é incentivado o amor filial à
Maria de Nazaré. Nossa espiritualidade franciscana também tem algo a dizer
aos que amam a Virgem Maria e aos que ainda não descobriram a riqueza da
devoção à Mãe de Jesus. A devoção de São Francisco a Maria, vivida oito séculos
atrás, carrega uma riqueza e intuição riquíssima que tem muito a ensinar e a
nos dizer hoje. Ele a vê dentro do desígnio salvador do Pai que enviando Seu
Filho a nós, fez-nos todos seus filhos e participantes do plano amoroso e
salvífico em relação a toda a humanidade e toda a criação. O primeiro
biografo de São Francisco, Frei Tomás de Celano, assim descreve a devoção de
Francisco para com a Virgem Maria: “Tinha um amor indizível à Mãe de Jesus,
porque fez nosso irmão o Senhor da majestade. Consagrava-lhe louvores
especiais, orações, afetos, tantos e tais que uma língua humana nem pode
contar” (2Cel 198). Francisco contempla Maria dentro do mistério da Salvação
vinculada ao mistério da Encarnação de Jesus e unida à missão redentora do
Filho de Deus. Maria está plenamente voltada para o mistério da Trindade,
agraciada como filha do Pai, Mãe do Filho de Deus e esposa do Espírito Santo.
Ela foi escolhida pelo Pai e sob o influxo do Espírito Santo torna-se Mãe do
Filho Unigênito de Deus. A devoção de Francisco a Maria tem suas raízes no
ensinamento da Igreja de sua época e da tradição mariana medieval. Parece que
Francisco foi a primeira pessoa a designar Maria de “Esposa do Espírito Santo”,
como ele reza na antífona do Ofício da Paixão: “Santa Virgem Maria, não há
mulher nascida no mundo semelhante a vós, filha e serva do Altíssimo Rei e Pai
celestial, mãe de nosso santíssimo Senhor Jesus Cristo, esposa do Espírito
Santo...” (OfP). Para Francisco, Maria está plenamente comprometida com o
plano de Salvação do Pai, realizado em Jesus, o Salvador. Com ela aprendemos a
nos comprometer com a vontade do Pai, e assim, contemplando seu exemplo de Mãe
e fiel discípula de Cristo, compreendemos porque Francisco a louva dizendo:
“Salve, ó Senhora santa, Rainha santíssima, Mãe de Deus, ó Maria, que sois
Virgem feita Igreja”.
Frei Marconi Lins, OFM
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