sábado, 8 de dezembro de 2012


Capítulo V – Ser Católico

Pai Santo, nós Vos agradecemos e nos alegramos com a condição de católicos. Queremos viver e testemunhar a fé e nossa pertença à Igreja de Jesus. Concedei-nos o dom de perseverar na oração – pessoal, familiar e comunitária –, caminho que conduz à Vossa intimidade e elo que nos une aos corações dos irmãos e irmãs, em uma grande rede de solidariedade. Amém

Quais são as características próprias, distintivas do ser católico?

O Papa João Paulo II, lembrando que é pelos frutos que se conhecem as árvores, alertava que os critérios fundamentais a serem adotados na vida são os que levam à vida de boa qualidade.

Bons frutos para a vida do seguidor de Jesus são, por exemplo, o gosto renovado pela oração, a participação nos Sacramentos, o florescimento de vocações para o matrimônio, o sacerdócio e a vida consagrada, a participação ativa na vida comunitária, o testemunho de presença cristã nos vários ambientes da sociedade, a participação em obras de assistência e promoção humana, e o espírito de desapego, de pobreza evangélica e de partilha generosa. Enfim, a caminhada permanente no processo de conversão.

Resumindo, os critérios que definem o ser (ou não) católico, chamados critérios de eclesialidade, são assumidos na tríplice perspectiva da espiritualidade pessoal, da comunhão (integração na comunidade) e da missão (Nova Evangelização).

Critérios não serão vistos como limitação ou negação da liberdade pessoal, mas como o caminho para sua realização.
  
O Papa João Paulo II na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christifideles Laici sobre a vocação e missão dos leigos (nº 30)considerou os seguintes critérios de eclesialidade:

— O primado dado à vocação de cada cristão à santidade, manifestado nos frutos da Graça que o Espírito produz nos fiéis, como crescimento para a plenitude da vida cristã e para a perfeição da caridade. Todo fiel é chamado a ser sempre – e cada vez mais – instrumento de santidade na Igreja, favorecendo e encorajando uma unidade mais íntima entre a vida dos membros e a própria fé. 

— A responsabilidade em professar a fé católica, acolhendo e proclamando a verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem, em obediência ao Magistério da Igreja, que autenticamente a interpreta. Por isso, todo fiel deve buscar lugar e ocasião para receber o anúncio, a proposta e a educação da fé, respeitando o seu conteúdo integral.

— O testemunho de uma comunhão sólida e convicta, em relação filial com o Papa, centro e sinal da unidade da Igreja universal, e com o Bispo, fundamento da unidade da Igreja particular, e na estima recíproca entre todas as formas de apostolado na Comunidade.  A comunhão com o Papa e com o Bispo é chamada a exprimir-se na disponibilidade leal em aceitar os seus ensinamentos doutrinais e orientações pastorais. A comunhão eclesial exige, além disso, que se reconheça a legítima pluralidade das formas participativas dos fiéis na Igreja e, simultaneamente, a disponibilidade para oferecer a sua colaboração.

— A conformidade e a participação na finalidade apostólica da Igreja, que é a evangelização, a santificação dos homens e mulheres e a educação cristã das suas consciências, de modo a conseguir permear de espírito evangélico as comunidades e os ambientes.  Nesta linha, exige-se dos fiéis um entusiasmo missionário que os torne, sempre e cada vez mais, sujeitos de uma Nova Evangelização.

— O empenho de uma presença na sociedade humana que, à luz da doutrina social da Igreja, se coloque ao serviço da dignidade integral do homem.

Juntos a estes critérios aparece um outro aspecto de importância capital para a identidade cristã: a indissociável ligação com a virtude da esperança, como o marco fundamental que antecipa no tempo a certeza do sentido da história e o destino escatológico do ser humano.

À luz das virtudes teologais - fé, esperança e caridade, podemos dizer:

1. Sou Católico porque creio em um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo –, que nos oferece o dom da Graça, que é sua permanência em nós e no meio de nós por pura gratuidade. Um Deus que é Pai misericordioso e tem o carinho de Mãe; um Deus Filho, Jesus Cristo, que se fez nosso irmão e nos liberta; um Deus Espírito Santo que nos conduz ao Amor.

2. Sou Católico porque alimento a minha fé na fonte da Revelação Divina, pela contemplação da obra da Criação, atenção aos sinais dos tempos, acolhida amorosa da Sagrada Escritura, da Tradição e do Magistério da Igreja.

3. Sou Católico porque procuro viver a fé, que é adesão a Jesus Cristo e obediência à Sua Palavra, não sozinho, mas como membro da Igreja – comunidade.

4. Sou Católico porque vivo a fé como dom gratuito de Deus.

5. Sou Católico porque busco viver a vida nova no Amor.


 
Capítulo VI – Oração: O jeito Católico de ser Cristão.

Ser cristão é ser discípulo e seguidor de Jesus. Por isso, precisamos conhecê-lo, adquirir com Ele a intimidade de companheiros, e reunir forças necessárias para a jornada.

Os Evangelhos nos introduzem na intimidade de Jesus. Na oração nós buscamos inspiração e força. 
A Bíblia nos revela que Jesus foi apaixonado pelas obras do Pai. A origem, o caminho e a utopia de Jesus eram o Reino de Deus, como Jesus ensinou na oração do Pai Nosso.

Vivendo na presença de Deus, Jesus falava com o Pai – a quem chamava carinhosamente de Papai (Abbá: Mc 14,36) – e dEle recebia sabedoria e força para cumprir sua missão. Sua vida foi um encontro permanente, uma oração contínua, pois oração é consciência da presença de Deus, consciência de que nEle nós vivemos, nos movemos e existimos e saber que o seu Reino já está entre nós (cf. Lc 17,21).

O modelo da oração de Jesus – encontro-com-o-Pai – é o que desejamos. Aqui, Deus não se dá como ensinamento ou informação, mas como uma Pessoa que nos ama apaixonadamente e cuida de nós com extremo carinho.

É comum pensarmos a oração como um diálogo. Mas é um diálogo diferente, pois trata-se de um diálogo com Deus.

A oração, muito mais do que diálogo, é Vida. É vida de verdade, é encontro, caminho de superação do egoísmo para a abertura aos outros. Encontro é acontecimento capaz de transformar as pessoas. No encontro se revela o mistério do próprio eu e o mistério do outro.

Deus é o grande Outro que está mais próximo de mim do que eu mesmo. É o primeiro e o mais precioso companheiro de caminhada. Está presente no mais profundo de mim mesmo e lá me espera. Uma presença que inspira a reverência devida ao sublime e a intimidade com que se acolhe o terno amigo do coração.

A oração é um encontro que sempre traz surpresa, apelos renovados pela sedução e o encanto do mistério divino. Era assim para Jesus foi assim para a Igreja nos primeiros séculos. E, a partir desse legado da tradição cristã, todos temos acesso a essa profunda experiência de oração: sentirmos a presença de Deus na própria situação existencial em que nos encontramos. Fazemos a experiência de Deus e, ao mesmo tempo, acolhemos a Deus para que faça sua experiência de humanidade em nós.

A oração cristã propicia um duplo encontro:

a) – O encontro comigo mesmo – o auto conhecimento. Se eu não estiver em casa, Deus não me encontrará quando vier visitar-me. Oração nunca é fuga, pelo contrário, é um encontro sincero comigo mesmo.

Identificar meus pensamentos e sentimentos não basta para revelar-me inteiramente. Eles estão em mim, fazem parte, mas eu sou mais do que eles. Tenho a dignidade de ser chamado por Deus pelo meu nome. Sou a palavra amorosa pronunciada por Deus desde a eternidade. Encontrar-me é conhecer essa palavra criada por Deus.

b) – O encontro com Deus – Será que corresponde a Deus o que nós aprendemos e pensamos saber de Deus? Ou estamos tentando encontrar nossas fantasias, desejos e projeções?

Nós encontramos Deus dentro de nós, mas Ele é o totalmente Outro. O Mistério por excelência. Precisamos superar e nos libertar das pobres imagens que fazemos. Deus é sempre maior, é eterna Novidade.

Orar é suportar a ausência e o silêncio de Deus e, apesar de tudo, acreditar na sua proximidade, sentir sua presença amorosa nos envolvendo e acolhê-lo em nosso coração. Orar é ultrapassar dúvidas, firmados na revelação de Jesus de Nazaré. Só em Jesus é visível esse Deus inacessível: “Ninguém jamais viu a Deus; O Filho único, que é Deus e está na intimidade do Pai, foi quem o deu a conhecer. (Jo 1,18).

Para que a oração seja uma experiência de Deus, é fundamental orar com a disposição e espírito de pobre, de quem não tem a pretensão de saber orar, mas que se coloca aberto e receptivo para que o Espírito do Senhor lhe inspire o quê pedir, o quê agradecer, o quê dizer. Ou mesmo quando se calar e, no silêncio, simplesmente, contemplar e adorar.

Fonte: Catecismo da Igreja Católica

Nenhum comentário:

Postar um comentário