quinta-feira, 30 de agosto de 2012


CLARA FORMA E VIDA VOCAÇÃO E MISSÃO
Santa Clara é o verdadeiro modelo de santidade e de entrega ao Senhor, de tal forma que continua interpelando hoje a todos os que, de coração sincero e aberto, aproximam-se de sua vida exemplar na vivência das virtudes cristãs. Não é tão necessário deter-nos, agora, na descrição geral da vida de Santa Clara porque a conhecemos suficientemente. Vale mais fixar-nos no estilo de vida que ela viveu, refletindo sobre aquelas atitudes em que ela é exemplo e modelo para que também nós nos empenhemos em vivê-las em nossa vida.
Sendo ainda muito jovem, descobriu, através das pregações e dos conselhos de Francisco de Assis, que Deus a chamava à santidade, especialmente quando o ouve dizer: “Este é o tempo favorável, esta é a hora; chegou o tempo de dirigir-me a Ele que me fala ao coração já faz algum tempo; chegou a hora de optar, de escolher” … Clara se vê envolvida nestas palavras e inicia seu caminho de discernimento vocacional, intuindo que Deus a chama para uma entrega total a Ele, vivendo um estilo de vida parecido ao de São Francisco. Confiando profundamente em Deus, opta por este caminho. Hoje, nós, ao escutarmos novamente estas palavras, pensamos, por assim dizer, no impulso, no empurrão de que todos temos necessidade para seguir nossa vocação e que pode ser um acontecimento, um encontro, uma determinada pessoa. São momentos de graça que nos ajudam a ver com os olhos do coração o que Deus quer e nos ajudam a decidir-nos para seguir a voz de seu chamado.
Clara, aos dezenove anos de idade, no frescor e no vigor de sua juventude, começa a doar a sua existência ao “Rei” de sua alma. Começa a buscar não tanto as obras do Reino, mas busca o próprio “Rei”. Em outras palavras, ela se deu conta de que, uma vez encontrando o “Rei”, é possível construir o Reino. A vida de Clara foi um amor apaixonado por Jesus Cristo e, a partir d’Ele, ela se tornou transparência, sinal, sacramento existencial de sua presença e de seu mistério. Jesus Cristo, pobre e crucificado, é o tesouro incomparável, o seu rosto é formoso, o seu amor é suave. Contemplando-o, Clara descobre a razão de ser e a meta última da sua vocação. Junto a Jesus está sempre sua bendita Mãe, a Virgem Maria, por quem cultiva fervorosa devoção.
Clara centra sua vida toda em Jesus, não como um refúgio para fugir das dificuldades do mundo, mas para empenhar-se na construção da história humana conforme o projeto de Deus. Jesus Cristo é alimento e vida na Eucaristia. Em muitos templos católicos, encontramos imagens de Santa Clara, e chama particular atenção aquela em que ela está abraçando, junto ao seu coração, Jesus Eucarístico. Como Francisco, Clara se mostra enamorada por Deus e não pode fazer outra coisa que abraçá-lo, ou melhor dito, deixar-se abraçar por Ele, pelo seu Filho Jesus. Ao contemplar Santa Clara, também nós desejamos que Deus nos faça sentir o seu abraço, porque só Nele sabemos quem somos e só nele podemos reconhecer que ao nosso lado há irmãos e irmãs que esperam tanto de nós e a quem podemos dar algo que às vezes não queremos dar.
Clara, mostra-nos a vontade do Senhor, quando a vida se torna árdua e difícil. Clara, nos ensina a amar, mesmo quando o amor não é amado nem compreendido. Clara, envia-nos, para os lugares que precisam de nossa presença e do nosso amor. Clara, pobre como o Cristo pobre e Crucificado, ajuda-nos a viver sem nada de próprio como prometemos ao Senhor. Clara, alma escondida em Deus, ensina-nos a sermos fiéis, e a levar a sério o nosso voto de clausura, por amor a Cristo e à mãe Igreja. Clara, alma ardente de amor e de ternura, ensina-nos a contemplar os mistérios da cruz e da ressurreição. Clara luz, ilumina o nosso coração na chama do amor, para vivermos com paixão e audácia a nossa vocação. Clara, irmã Clara, fonte de ternura e amor, ensina-nos a amar e acolher nossas irmãs, como são amadas e acolhidas pelo Senhor. Clara, nossa Forma de Vida é o Santo Evangelho, ensina-nos a vivê-lo concretamente e a sermos verdadeiras testemunhas do amor e da Misericórdia de Deus para com toda humanidade.
Somos chamadas a ser outras Claras no mundo de hoje, testemunhando o Evangelho, sendo anunciadoras da boa nova para cada irmã e irmão que convive conosco, na dor e na alegria, como Clara que assumiu por amor cada uma de suas irmãs, presentes e futuras, como dom de Deus. Que nossa mãe Santa Clara e nosso pai São Francisco nos iluminem, para fazermos a vontade do Senhor!
Ir. Maria José da Mística, OSC
Fonte: www.pvf.com.br

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