quinta-feira, 30 de agosto de 2012


“Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,35b)

A alegria da doação mora no coração do ser humano que ao doar-se doa sem reservas. Francisco de Assis apreendeu do Cristo crucificado o que significa doação, pois Nosso Senhor mesmo sendo Deus assumiu a condição humana (cf. Fl 2,6) e abraçou as mazelas da humanidade, e que por isso padeceu, morreu e ressuscitou.

A palavra doação do verbo doar denota transmitir gratuitamente algo. Assim, doação sempre está atrelada a gratuidade, ou seja, doação é sempre condição de possibilidade gratuita de uma ação. Doar-se neste sentido, soa como um despojamento de si, um deixar-se conduzir pela leveza de um coração repleto de amor, pois quem ama só pode amar sem interesse, caso contrário deixaria de ser amor. Então, doação, gratuidade e amor indicam ao ser humano o modo de portar-se frente ao irmão.

Uma pequena estória nos faz entrever o que significa doar-se. Um sábio ancião escutou certo dia o fósforo dizer à vela:
- Minha missão é te acender.
- Ah, não, disse a vela. Tu não vês que se me acendes, os meus dias estarão contados. Não faz uma maldade dessa não.
- Então queres permanecer toda a tua vida assim dura, fria, sem nunca ter brilhado, perguntou o fósforo.
- Mas ter que me queimar. Isso dói. Consome as minhas forças, murmurou a vela.
- Tens toda razão, respondeu o fósforo, esse é precisamente o mistério de tua vida. Tu e eu fomos feitos para ser luz. O que eu, como fósforo, posso fazer é muito pouco. Mas se passo a minha chama para ti, cumprirei com o sentido de minha vida. Eu fui feito justamente para isso: para começar o fogo. Tu és vela. Tua missão é brilhar. Toda tua dor, tua energia se transformará em luz e calor.
Ouvindo isso a vela olhou para o fósforo que já se estava apagando e disse:
- Por favor, acende-me.


alegria da doação é justamente deixar-se consumir pelo outro, caso contrário não valeria apena uma vida meramente egocêntrica. O homem de Assis testemunhou isso a seus irmãos de modo visivelmente claro. Francisco deixou-se consumir, feito uma vela, e em toda a sua vida foi uma luz para aqueles que o circundavam.

Doação, então, significa consumir-se, no entanto, este consumir-se é também algo doloroso que compete sacrifício. Poverello entendeu isso ao entrever na Cruz do Senhor, a completa doação, uma doação sem limites, aquela doação do coração. Somente aqueles que possuem um coração pleno de amor são capazes de fazer-se doação, e isto em São Francisco era repleto.T




Fonte: reflexões franciscanas

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