quinta-feira, 1 de novembro de 2012


"Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã morte"


Francisco de Assis dois anos antes de sua morte presenteou o mundo com um belíssimo poema intitulado “Cântico do Irmão Sol”. Porém, este cântico não foi composto todo de uma só vez, pouco antes de sua morte acrescentou a seguinte estrofe:

“Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a morte corporal, da qual nenhum homem vivente pode escapar.

Ai daqueles que morrerem em pecado mortal: bem-aventurados os que ela encontrar na tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes farpa mal.

Louvai e bendizei ao meu Senhor e rendei-lhe graças e servi-o com grande humildade.”(1)
O homem de Assis, estando em plena harmonia com o Criador e com as criaturas, deixava transparecer em seu semblante o imenso amor que pulsava de sua alma. O amor que sentia permitia perceber o mundo com os olhos divinos, inclusive a morte, a qual chamou de irmã morte. Para nossos ouvidos soa estranho e incomodo alguém chamar a morte de irmã, visto que a palavra irmã é empregada aquelas pessoas que temos estima e carinho, bem sabemos que a morte não é vista com estima nem carinho.

Irmã morte, é assim que Francisco tratava a morte corporal. Certamente é uma lição que necessitamos aprender até o fim de nossas vidas. Encarar a morte como irmã é aceitar a nossa finitude e entregar ao Criador tudo aquilo que produzimos durante nossa existência.

A irmã morte é a grande ceifeira do Reino de Deus, é ela quem ceifa todo fruto que produzimos. Nossa existência é um nascer, crescer, produzir e morrer. Isto é natural. Toda a natureza é assim. Só o homem é que numa ânsia inválida, deseja encontrar a longevidade que de ficar nesta terra para sempre. Se encararmos a morte a partir deste ângulo vemos que não é tão traumático, mas sim uma passagem que fazemos, uma colheita feita pela irmã morte, a qual entrega os frutos no colo do Pai Eterno.

Francisco tem consciência de que homem algum pode escapar da morte corporal, seja ele pobre ou rico, inteligente ou ignorante, bonito ou feio, não importa a classe social, todos sem exceção irão ter um dia com a irmã morte. No entanto, o Pobrezinho de Assis adverte aqueles que estando em pecado mortal.

Todos sabemos de alguma história ou alguém que sofreu, que demorou em partir, em muitos casos muitas pessoas não conseguem partir por falta de perdão, de reconciliação, de paz.
Francisco nos exorta que é necessário estarmos em paz e sempre nos encontrarmos fazendo a santíssima vontade Divina. Mas, o que significa fazer a fazer a santíssima vontade? Cristo sabiamente resumiu esta vontade no mandamento do Amor. Amar é fazer a santíssima vontade divina.

No dia 02 de novembro rememoramos o dia dos entes queridos, aqueles os quais já foram ceifados, aqueles e aquelas que já tiveram o seu encontro com a irmã morte. Que todos os nossos entes queridos recebam nossas orações, nossas lagrimas, não de tristeza, mas de saudades e de esperanças de um dia todos estarmos unidos no Reino Celeste. No entanto, a vida continua e é necessário dia-a-dia estarmos em paz conosco, com os outros, com as criaturas e com o Criador, para então, quando chegada nossa hora, sermos ceifados pela irmã morte e oferecemos inúmeros frutos produzidos em vida.T


“Louvai e bendizei ao meu Senhor e rendei-lhe graças e servi-o com grande humildade”.



 

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