Nos trilhos e nas
trilhas de São Francisco de Assis
Frei Erivan Araújo de
Souza, OFMCap
Roma,
04 de outubro de 2012.
Francisco
deixou uma vida de prestígios para viver com a pobreza... conviveu momentos
desafiantes e maravilhosos com os seus frades. Abraçou o mistério e a realidade
na simplicidade da Igreja frágil e com a presença forte do Senhor. Foi poeta,
escritor, cantor e sensível escutador da voz do Senhor. Amante de nossa
Senhora, Mãe de Deus e integrado com as irmãs Clarissas. Difundiu no mundo uma
forma de ser e viver diferente, a humildade, a obediência e a pobreza, sendo
pobre com os seus. A fé de Francisco é a fé de muitos que buscam no Senhor, a
sua origem e o seu ponto de partida.
Dizer que S. Francisco é só o patrono da
natureza ou ecologia, é minimizar a simplicidade que se transforma na
complexidade de se entender os seus escritos e a revolução que se causou
durante uma época que precisava de transformação. Isto nos faz lembrar que
depois de oito séculos, ele continua nos desafiando com a sua forma de ser e
viver. Portanto ele não se apropriou da descoberta através de uma caminhada em
vista da gratuidade do Reino de Amor. Deu-nos a proximidade do incomensurável
segredo das bem-aventuranças.
Na fragilidade do leproso ele alavancou a
perspectiva de ser com o que provocava repulsa, distância e isolamento.
Conseguiu ser com o outro na margem e diante da sua miséria e conseguiu
resgatar a dignidade do “imundo” e devolvê-lo ao mundo de Deus; de viver uma
nova vida diante da esperança alicerçada no Senhor da vida!
São Francisco conseguiu ser para o seu tempo, o
que Jesus foi no início do religamento das primeiras comunidades, sem forma e
sem uma meta. Com a Palavra que o Senhor havia lhe dito, ele conseguiu intuir
que a re-construção humana começa simplesmente com o afeto e o vigor de abraçar
a causa para sinalizar o centro da nossa fé. Não é um ideal, não é uma utopia
ou sonho ver e sentir a condição de Francisco – é sim uma projeção simples de
continuar fazendo o bem, sendo instrumentos de paz para manifestar o grande
Amor que precisa ser amado em qualquer tempo e em qualquer situação a qual nos
encontrarmos. Descongelar as potencialidades a favor do próximo que está diante
de nós, e muitas vezes nós somos esses próximos que também precisa e que se
tende a começar com um caminho interior, para adentrar no interior da
contemplação e realidade da razão e do nosso coração que habita o mistério
sagrado do Senhor.
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